Sobre o amor

A maioria de nós cresceu assistindo grandes clássicos da Disney. Aqueles famosos contos de fadas. Começava assim: "Era uma vez em um reino distante...", sempre o mesmo início. Uma princesa, atribulada por um grande mal, geralmente uma bruxa lança maldição, tem o monstro e o príncipe que salva a princesa desse terrível mal, eles se casam e vivem felizes para sempre e fim. O que a Disney não conta, é o meio que no meio desse felizes para sempre, tem muita história, muito trabalho, decepções, frustrações, defeitos, coisas que precisam ser relevadas, vários momentos de ceder e o mais importante: perdão.

Hoje, vivemos em uma sociedade imediatista. Nem precisamos sair de casa para comprar comida, roupas ou eletrodomésticos. É só abrirmos um "app" em nosso smartphone e em clique a compra está feita, sem nem sair de casa. Todo essa rapidez tem sido transferida para algo que, creio eu, ser o laço mais importante que o ser humano precisa: relacionamentos.

O que pode-se observar hoje em dia, é que poucas pessoas tem se disposto a solidificar relacionamentos. É cada vez mais comum, casamentos durarem pouco tempo, e sem contar os relacionamentos familiares e de amizade.

Eu estava refletindo o porquê dos relacionamentos durarem cada vez menos. E lembrei de algo que um amigo me disse, não são os opostos que se atraem, são os dispostos. Então, é isso que está faltando, disposição em amar. Porque sim, amar é uma decisão. Como fala em 1 Corintios 13, o amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com verdade, tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. E devido a tudo isso que é o amor, eu percebi o porquê de relacionamentos a curto prazo. O amor dá trabalho. Por isso que amor tem se esfriado. Todos querem funcionalidade e rapidez, não querem batalhar, sofrer, esperar e chorar junto.

Tenho lido um livro que chama: Amor líquido, a fragilidade os laços humanos, de Zygmunt Bauman, que fala exatamente isso, a dificuldade das pessoas em manter relacionamentos a logo prazo, porque é mais fácil trocar de par quando ele me desagrada, do que tentar chegar em denominador comum ou até mesmo ceder.

Certa vez, conheci um casal com filhos, casados a mais de quinze anos. O marido extremante romântico e carinhoso com sua esposa e família. Todas as datas comemorativas ela postava as coisas românticas que ele fazia. Até quando não tinha data especial, ele a surpreendia. Ela apaixonada relatava o momento com aquele brilho especial no olhar, porque é maravilhoso ser amada, o amor faz isso, nos torna melhores. Porém, quando ela não estava, eu ouvia pessoas comentando que aquilo era impossível, porque ela nem era uma beldade maravilhosa, ou ele era cego ou traía ela. Eu como uma pessoa que ama romances, ficava fascinada com um relacionamento em que mesmo depois de anos, eles estavam como na primeira vez. Mas, por vermos tantos relacionamentos acabarem, por estar tão banalizado o conceito de amor, acabamos por deixar de acreditar nele. O quê as pessoas não conseguem ver, é que não devemos amar corpos de pessoas, mas as almas.

Essa moça poderia não ser bonita aos nossos olhos, mas foi uma das pessoas mais incríveis que conheci, e sei que seu marido via isso mais do que tudo, e que para as outras pessoas, que ficaram frustadas com alguns relacionamentos ruins que não deram certo, esquecem de ver o que é essencial, o que realmente importa.

É preciso estar disposto para amar, de uma foto feliz postada no Facebook a outra foto feliz, tem diversos momentos ruins e tristes, mas a gente não irá ver esses momentos nas fotos, mas são esses momentos que nos fazem chegar até a próxima foto feliz.

Já dizia Renato Russo, é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã. O amanhã não existe, é preciso amar hoje, deixar que as pessoas que amamos saibam que a amamos. Lutar para que dê certo, e não desistir no primeiro obstáculo. Criar pontes ao invés de muros. Consertar e não trocar por algo novo. Estender a mão e não derrubar ninguém. Perdoar e não guardar rancor ou ódio. Porque a vida passa tão rápido, é tão curta para que a gente banalize o amor e faça ele morrer dentro de nós. Ame, ame e ame. Como em O pequeno príncipe diz: " Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos". Mesmo que seja difícil de manter relacionamentos, acredito que no final, são apenas eles que terão valido a pena.